08 abril 2010

Economista vê mercado promissor para o leite



O economista Paulo do Carmo Martins, doutor em Economia Aplicada, disse nesta quinta-feira, durante o 15º Encontro Regional do Leite da Agricultura Familiar, evento da Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, que 2010 é um ano promissor para a pecuária leiteira. “O quadro está favorável”, disse Martins, que chefiou a Embrapa Gado de Leite de 2004 a 2008 e atualmente assessora a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais, a Itambé, terceiro maior laticínio do País. “A atividade promete ser bastante rentável”, afirmou.
Segundo ele, a produção de leite vai aumentar agora em abril e continuará subindo até maio, e o custo de produção “ficará bom” porque o milho e a soja – insumos da pecuária leiteira – não vão pressioná-lo. O Brasil produz anualmente 27 bilhões de litros. O consumo interno é de aproximadamente 140 litros/habitante/ano. O Paraná, com 2,2 bilhões de litro/ano, é o terceiro maior produtor, atrás somente de Minas Gerais (7 bilhões) e Rio Grande do Sul (2,5 bi).
Outro fator que projeta um bom ano para o leite, segundo Paulo Martins, é que o consumo está em alta. “Além disso, o preço do leite no mercado internacional está subindo, então não teremos entrada de leite importado, como ocorreu em anos anteriores”, analisou. “E também não deveremos exportar, por causa da taxa de câmbio desfavorável”, acrescentou.
Diante desse cenário, diz o economista, o produtor deve buscar eficiência na gestão a fim de reduzir os custos de produção e melhorar a qualidade do leite, tornar-se mais competitivo e aumentar a rentabilidade.

Nutrição

Outro palestrante do dia, o veterinário Fernando Nunes de Carvalho, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CAT) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, abordou o tema “Produção de leite com eficiência: nutrição e qualidade”.
Para Carvalho, muitos produtores de leite ainda alimentam o gado mais no confinamento do que a pasto, o que, segundo ele, é um erro. “Trata-se as vacas com 50% de concentrado e 50% de volumoso, ou algo próximo a isso, quando o índice de volumoso deveria ser bem maior em relação ao concentrado, tipo 90% contra 10%”, avaliou.
Embora dê um pouco mais de trabalho, um animal criado primordialmente a pasto, afirma o veterinário da CATI, traz pelo menos dois grandes benefícios: reduz o custo de produção e melhora a saúde do rebanho. “Se for de boa qualidade, o volumoso pode sair dez vezes mais barato do que os grãos”, ele compara. E, em termos de sanidade, além de aumentar a longevidade do animal (eliminando, por exemplo, problemas nos cascos), eleva a eficiência reprodutiva. “Uma vaca criada a pasto tem duas vezes mais prenhezes do que uma confinada.”
Outra vantagem, aponta Carvalho, é uma melhor qualidade do leite. “O produto fica com maior teor de gordura e proteína, e a própria qualidade da gordura é melhor, com maiores índices de ômega 3 e ômega 6, que agregam valor ao leite e a derivados como o queijo.”

Veterinário propõe ‘guerra’ contra carrapatos

Outro tema tratado no encontro de produtores de leite foi o desafio do controle de carrapatos, tema do veterinário John Furlong, da Embrapa Gado de Leite, sediada em Juiz de Fora (MG). Segundo ele, o carrapato é um dos principais fatores de contaminação do leite, ao lado dos antibióticos, e deve ser combatido com uma “estratégia de guerra”, baseada em três pilares.
O primeiro: conhecer os pontos fracos do inimigo, conhecer a biologia dele, saber a época em que ele se encontra em menor número – ou seja, “bater no inimigo quando a trincheira dele está mais vazia”. Segundo: escolher a arma adequada para o combate. Furlong informa que a situação de cada propriedade exige um medicamento específico.
Neste caso, segundo ele, o produtor deve recolher – para utilizar os termos mais coloquiais – as “mamonas” ou “jabuticabas” (na verdade, fêmeas ingurgitadas, cheias de sangue) e enviá-las, via Sedex, para a Embrapa Gado de Leite, que em 30 dias vai analisá-las e definir, entre os 22 produtos mais eficazes existentes no mercado, aqueles mais eficientes para aquela situação. O teste é gratuito.
Tudo isso de nada adianta se o tiro não for certeiro: este é o terceiro pilar na estratégia de guerra contra o carrapato, que, na prática, equivale à aplicação do medicamento recomendado. “Um banho mal feito não intoxica, não mata o carrapato”, afirma Furlong. “O produto fica armazenado na gordura do animal e cai no sangue, que passa pelo úbere; o leite é fonte de excreção do veneno.”
John Furlong diz que geralmente os produtores fazem de 15 a 18 aplicações de carrapaticidas mal feitas, ao passo que poderiam ter resultados melhores se fizerem de cinco a sete aplicações bem feitas, seguindo essas recomendações da Embrapa, o que reduziria custos de produção. E, ainda, evitaria a contaminação do leite, queda na qualidade do produto e que bezerros contraiam a tristeza parasitária.

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